Trump e Kamala Harris são totalmente opostos um do outro. Mas a maior divergência centra-se em temas como o aborto, imigração e política externa – neste último aspecto, Angola tem mais a ganhar com a democrata em comparação ao republicano.
Donald Trump, antigo presidente norte-americano, entre 2016 e 2020, foi, durante o frente-a-frente de ontem, 10, contra Kamala Harris, incapaz de controlar as emoções, e permaneceu visivelmente irritado durante quase todo o debate.
Como já noticiou o Correio da Kianda, além da irritação, o republicano relegou-se à defensiva, uma postura que não lhe é habitual.
O debate ficou também marcado por diversas mentiras disseminadas por ambos os lados, de acordo com a apreciação do jornal Politifact, citado pelo Polígrafo Portugal, dois órgãos de comunicação social que incidem seus trabalhos na avaliação rigorosa das declarações prestadas por entidades públicas.
Entre outros enganos, Donald Trump disse que “inflação sob a presidência de Joe Biden [nos EUA] foi a maior que já tivemos”.
De acordo com o Politifact, a afirmação de Trump é falsa, dado que a taxa de inflação actual é de 2,9% registada em Julho de 2024, e que está longe do recorde histórico de 23,7%, estabelecido em 1920.
Embora a taxa de inflação tenha atingido um máximo de 40 anos em Junho de 2022, quando chegou aos 9,1%. Porém, de lá para cá, a taxa tem vindo a cair drasticamente desde então.
Entretanto, há de resto outras taxas de inflação anual mais elevadas, como as registadas nas décadas de 1970 e início de 1980, quando o aumento de preços variou entre 12% e 15%.
De mentira em mentira, Donald Trump afirmou: “Migrantes de instituições mentais ou prisões estão a ser enviados para os EUA ilegalmente”. Como já o fez anteriormente, o antigo presidente norte-americano não apresentou provas que sustentem essa afirmação, e os dados estatais o desmentem.
Não só Donald Trump proferiu declarações falsas, também Kamala Harris o fez.
“Trump deixou a presidência dos EUA com a pior taxa de desemprego desde a Grande Depressão”.
Essa alegação de Kamala Harris não converge com a verdade. Trump não deixou o país com a pior taxa de desemprego desde a Grande Depressão, de acordo com o jornal Politifact.
A taxa de desemprego, escreveu o Politifact, atingiu um recorde pós-Grande Depressão de 14,8% em Abril de 2020, quando a pandemia começou a escalar e Trump ainda estava no cargo. Mas não “deixou” Biden com uma taxa de desemprego recorde pós-Depressão uma vez que, em Dezembro de 2020 (um mês antes de deixar o cargo), a taxa de desemprego tinha caído para 6,4%, sendo este um nível elevado, porém abaixo dos numerosos expressivos durante as recessões.
https://googleads.g.doubleclick.net/pagead/ads?client=ca-pub-6962041001864808&output=html&h=280&slotname=5121472851&adk=1411326858&adf=1890660667&pi=t.ma~as.5121472851&w=700&abgtt=7&fwrn=4&fwrnh=100&lmt=1726062869&rafmt=1&format=700×280&url=https%3A%2F%2Fcorreiokianda.info%2Fa-candidata-da-democracia-e-o-admirador-de-ditadores-quem-ganhou-o-debate%2F&host=ca-host-pub-2644536267352236&fwr=0&rpe=1&resp_fmts=3&wgl=1&uach=WyJXaW5kb3dzIiwiMTUuMC4wIiwieDg2IiwiIiwiMTI4LjAuNjYxMy4xMjEiLG51bGwsMCxudWxsLCI2NCIsW1siQ2hyb21pdW0iLCIxMjguMC42NjEzLjEyMSJdLFsiTm90O0E9QnJhbmQiLCIyNC4wLjAuMCJdLFsiR29vZ2xlIENocm9tZSIsIjEyOC4wLjY2MTMuMTIxIl1dLDBd&dt=1726065384192&bpp=3&bdt=194&idt=3&shv=r20240905&mjsv=m202409050101&ptt=9&saldr=aa&abxe=1&cookie=ID%3D66a21cc662173b87%3AT%3D1721213564%3ART%3D1726065373%3AS%3DALNI_MYx4QMQZ8kIZ9WZeMsHrZAJ7QM89A&gpic=UID%3D00000e9094fa62a9%3AT%3D1721213564%3ART%3D1726065373%3AS%3DALNI_MZg2zidTJI9y7yqyUSf5zb_0vjBOQ&eo_id_str=ID%3D29c2b9ff6132b2c4%3AT%3D1721213564%3ART%3D1726065373%3AS%3DAA-Afjb6HwWHGWe6G_CMdcfyGA_X&prev_fmts=0x0%2C700x280&nras=1&correlator=6341699800404&frm=20&pv=1&u_tz=60&u_his=45&u_h=1080&u_w=1920&u_ah=1032&u_aw=1920&u_cd=24&u_sd=1&dmc=8&adx=452&ady=2635&biw=1903&bih=945&scr_x=0&scr_y=0&eid=44759875%2C44759926%2C44759837%2C31086852%2C44798934%2C95331689%2C95338226%2C95341663%2C95342032%2C95341671&oid=2&pvsid=158278169242212&tmod=1343688063&uas=0&nvt=1&ref=https%3A%2F%2Fcorreiokianda.info%2Fcategory%2Fmundo%2F&fc=1920&brdim=0%2C0%2C0%2C0%2C1920%2C0%2C1920%2C1032%2C1920%2C945&vis=1&rsz=%7C%7CoeEbr%7C&abl=CS&pfx=0&fu=128&bc=31&bz=1&td=1&tdf=2&psd=W251bGwsbnVsbCxudWxsLDNd&nt=1&ifi=3&uci=a!3&btvi=2&fsb=1&dtd=6
Além de declarações falsas, o debate ficou também marcado por ataques pessoais de Trump contra Harris, que incluía insultos racistas e sexistas, mas após nervosismo, voltou ao padrão que vem assumindo nas últimas semanas.
Há, como se conseguiu verificar, divergência gritante entre Trump e Kamala, mas a maior diferença centra-se em temas como o aborto e imigração.
Trump diz que Kamala Harris e o seu partido democrata pretendem legalizar o aborto até ao último mês da gravidez, algo que Kamala Harris contesta, mas não apresenta quais os ‘timings’ que defende.
Ficou igualmente visível, que Kamala Harris é a candidata da democracia e pluralismo de ideias, e Donald Trump, que continua a negar a derrota eleitoral de 2020, é o candidato que cria suspense sobre a vitalidade da democracia caso vença as eleições de novembro próximo, e é um admirador confesso de autocratas.
O que será de Angola se Trump vencer as eleições nos EUA?
Como o Correio da Kianda escrevera no dia 26 de Janeiro deste ano, o maior obstáculo de Angola e até da União Europeia na relação com os EUA chama-se Donald Trump.
O modelo de governação do antigo presidente norte-americano é conhecido pelo mundo, e dá até a sensação de que ter-se-á radicalizado ainda mais.
Para Donald Trump, os acordos que não tenham as suas impressões digitais não passam de mero papel, que rapidamente podem ser riscados. Além do facto de assumir-se nacionalista e não globalista. Ou seja, não dá a mínima para as questões de fora dos EUA.
Por exemplo, quando esteve no poder, entre 2016 e 2020, Donald Trump procurou estabelecer boas relações com a Rússia, e tratou Luanda como um ‘joguete’ do passado, forçando a sua aproximação por meios nada subtis, uma estratégia que acabou repelida pelo Governo angolano.
Com a administração democrata nos EUA, Angola melhorou sua relação com a maior potência global, sem chantagem de qualquer natureza, diferente do que pretendia Trump, como noticiou outra vez o Jornal Valor Económico.
Por hoje, Angola e os Estados Unidos estão no melhor momento de sua relação bilateral, ao ponto de Luanda ter se tornado na capital africana mais importante para Washington, de acordo com o líder da Casa Branca, Joe Biden.
Num intervalo de seis meses, Washington mandou para Luanda os mais relevantes membros da Administração Biden, desde ligados aos sectores da energia, tecnologia, defesa e segurança, além do seu secretário de Estado Antony Blinken, que não hesitou em elogiar o rumo que a governação angolana tem alcançado.
E já houve inclusive encontro entre os dois Chefes de Estado.
Os EUA prometem a Angola uma relação de prosperidade mútua, e estão a aumentar a sua presença no país com investimento em energia limpa, telecomunicações, bem como o Corredor do Lobito – uma via-férrea que liga Angola à República Democrática do Congo e a Zâmbia, um projecto em que os norte-americanos destronaram os chineses.