Familiares do motorista do deputado ALBERTO JOSÉ KATENDA, do Grupo Parlamentar da UNITA, membro da 7ª Comissão da Assembleia Nacional recorreram a imprensa para denunciarem que o seu familiar Hermenegildo Calenda encontra-se desparecido, fugindo do deputado com medo de ser morto.
Por: Justiça sem Isenção
Segundo os familiares, Hermenegildo Calenda fazia serviço de táxi personalizado para empresas e pessoas que precisavam recolher entidades e empresários estrangeiros que viessem em Angola ou pretendessem viajar para o interior do país, em carros de luxo.
A actividade de táxi era feita mediante o pagamento diário de 80 mil kwanzas ao deputado, ficando sob responsabilidade do motorista o pagamento de combustível e manutenção da viatura.
O Hermenegildo usava uma viatura de marca TOYOTA LAND CRUISER, modelo 300 VXR, cor azul metalizada, com a chapa de matrícula LD-61-11-IJ, pertencente a Assembleia Nacional e distribuída como viatura protocolar aos deputados. Acontece que, neste dia, ele não tinha clientes mas, um amigo seu também motorista de um outro deputado da UNITA, tinha cliente, porém, estava sem carro por o deputado para quem trabalha ter saído em actividade e levado o carro.
Tendo em conta a cooperação que existe entre os motoristas, Hermenegildo decidiu dar “uma falida”, expressão usada entre os taxistas ao cederem a viatura com que trabalham a um outro colega.
Lamentavelmente, o colega que levou a viatura, diz ter sido assaltado e que os assaltantes levaram consigo a viatura para parte incerta e até hoje não localizou, simplesmente os documentos e a credencial cedida pela Assembleia Nacional foi encontrada na Lunda Norte.
Com o desaparecimento da viatura, ainda, segundo os familiares, Hermenegildo começou a sofrer pressão do deputado para que encontrasse a viatura antes da Assembleia Nacional tomar conhecimento. Assim, Hermenegildo e o seu amigo forma apresentar queixa à polícia, dando conta do furto da viatura.
Nos últimos dias, a pressão sobre Hermenegildo aumentou, até ameaças de morte começou a receber, porque teriam de, a qualquer preço, encontrar a viatura. Perante essa pressão, ele decidiu sair de casa, deixando os familiares sem saber o seu paradeiro.
No passado dia 27 de Agosto do ano em curso, o deputado KATENDA apresentou uma Nota de Conhecimento aa Assembleia Nacional, informando sobre o desaparecimento do carro, entretanto, ocultando o facto de ter transformado o mesmo táxi.
Como contou um dos familiares de Hermenegildo, o deputado ALBERTO JOSÉ KATENDA não é o único deputado da UNITA que usa os carros protocolares para fazer serviço de táxi personalizado. Pelo que se sabe, passa de 10 deputados e que esta situação é do conhecimento da direcção do partido e do Grupo Parlamentar que nada fazem para que os deputados deixem de ter esta prática.
Esta é uma grave denúncia e é exigível a Assembleia Nacional que mande abrir inquérito para se apurar quem são os deputados que usam os meios do Estado para fazer “processo” e particularmente viaturas protocolares.
Na verdade, é do conhecimento geral que os deputados usam as carrinhas, que receberam para apoio ao domicílio, como carros de processo. Porém, é inaceitável que usem os carros protocolares para este fim.
Todos temos consciência que os salários em Angola são irrisórios e que eles não correspondem às necessidades dos cidadãos. Mas, isso não dá o direito aos deputados de usarem carros protocolares como táxi.
A UNITA como partido político na oposição que mais critica a gestão da coisa pública que propaga a criação de uma sociedade mais justa e que o combate à corrupção e a outros males que enfermam a sociedade seria a sua divisa de governação, com esta atitude vem demonstrar que ainda não está preparada governar. Agora podemos compreender porquê que o povo diz ser melhor votar no MPLA e não nestes que querem chegar lá com o fim único de encherem os seus bolsos e dos seus familiares, sem se importarem com o povo.
Se tivermos em conta o papel de um deputado na sociedade, os deputados da UNITA estão a dar um mau exemplo.
Um Grupo Parlamentar da UNITA que usa e abusa das conferências de imprensa, esta seria a oportunidade de vir a público para reagir a este comportamento dos seus deputados.
Quem acompanha as sessões do Parlamento, consegue observar como os pupilos do Grupo Parlamentar da UNITA agem, como se diz na gíria, “tipo estão na creche”. Estes deputados não conhecem a importância da sua função e nem o que eles mesmo representam apara a sociedade.
Agora dá para compreender porquê que os deputados da UNITA votaram contra a lei que pune a vandalização dos bens públicos. Pois, eles tinham medo que uma lei severa poderia recair sobre eles. Qualquer cidadão com o mínimo de decência, teria vergonha ao ouvir que os seus representantes que ganham uma fortuna, apenas para levantar as mãos, usam os carros protocolares para fazerem de táxi. Isso é tão vergonhoso, que não mancha apenas os deputados da UNITA como todos os deputados à Assembleia Nacional.
Os partidos políticos precisam melhorar o seu sistema de escolha de pessoas que devem fazer parte das suas listas eleitorais e se transformarem em deputados.
